sábado, 19 de março de 2011

Acaso.

Sábado, 19 de Março

Querido B,







Você precisa sair mais, encontrar a relevância
Parar de pensar naquelas coisas que atrapalham a inconstância
Às vezes precisamos de mais ideias que razões

Pra que agente não caia na teia das desilusões


Saber que existe um certo, que não combina com a conveniência
Ignorar algo mais concreto do que a mera conhecidência
O acaso é mais sadio que aquela sorte fantasiada

E os planos que fazemos não passam de listas mal interpretadas


Então grite, jogue fora o que não presta
Tem tanta gente perdido, não planejar é o que nos resta


Porque o que realmente importa são aquelas coisas que todos olham, e ninguém vê
Aquelas entrelinhas compridas que terminam ao passo do muito viver
E quem de nós pode dizer que tudo isso é desimportância?
Se nem Maomé com toda a sua periculosidade encontrou a semelhança



Eu prefiro ser anônimo desse tipo de coisa premeditada
Gosto daquelas vírgulas que são deixadas na calçada
Prefiro ser cego de um olho e ver além do infinito
Do que viver procurando a sorte pra andar comigo.


À espera de uma resposta boa,
P.

sábado, 12 de março de 2011

Tributo a Cartola

Sábado, 12 de Março

Querido Cartola,






Ah, velho poeta, por favor, me deixe entrar
Já vim errando de bar em bar
Atrás de um pouco de emoção


Me deixa sentar e colher um pouco
Dos poemas que escorrem soltos
Das tuas mãos, nessa mesa de bar


Eu já fiquei no parapeito da janela
Esperando que rosas belas exalassem
O meu perfume pelo ar
Mas quanto mais escrevo, mais percebo
Que só a tua melodia é que faz uma rosa falar.


Cartola, pelo que tu foste eu canto
E ainda mais amor encontro, quando
Tua poesia desata a me fazer chorar



Sei que de cabo a rabo de todo o samba
Tá pra nascer alguém mais bamba
Que cante rosas, moinhos e amor
Do jeito que o senhor, Divino Cartola, cantou.



Com sincera admiração, 
P.