sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Muito acima do asfalto, a Felicidade.





A gente caça felicidade como procura moeda dentro da bolsa. A gente busca como se vivesse com fome, com ânsia, com crise de abstinência. A gente vai até o outro lado da cidade atrás de rir, atrás de surpresas boas, atras de novidades, de amigos que demoraram pra vir. A gente roda 200 e tantos quilômetros atrás de se sentir velho e novo ao mesmo tempo, atrás de outro clima, outro sotaque. 

A gente tem mania mesmo de ir atrás de tudo que brilha, tudo que é grande, tudo que é belo. A felicidade é palpável sim. Tem o cheiro do perfume da pessoa amada, tem o sabor da comida que a vó fazia na infância, tem cor de pele bronzeada de praia com os amigos. A felicidade é tão, mais tão humana que chega a ser ridículo quando alguém fica olhando pro céu e esperando vir de lá algo parecido com ela e não se dá conta do trevo de 5 folhas no quintal de casa. 

A felicidade tá aqui, no filme engraçado, na conversa descontraída, nas coisas novas que a gente ousa experimentar, na falta de jeito com os talheres, e na mania de derrubar tudo. Ser feliz é rir da falta de jeito e da falta de importância que os problemas tem. Ser feliz é fazer alguém feliz, mesmo que por pouco tempo. É ver alguém te olhar sorrindo com cara de cúmplice e se sentir grande. Grande não, enorme. É agradecer à vida e não se sentir ridículo ou fora de moda por acreditar num mundo melhor. É saber que não machucou ninguém, é dormir de consciência tranquila de quem fez o certo, e ter sido forte o suficiente quando alguém te machucou. É meio que perdoar sem a pessoa ter pedido perdão. 

A gente não precisa de felicidade de comercial de margarina não. Basta aquela sensaçãozinha de quem come uma coisa gostosa e diz hmmm, de quem abraça e fecha o olho, de quem sente o coração acelerar quando alguém lhe rouba um beijo. Felicidade cabe no bolso, dá pra levar pra qualquer lugar, é barato e tá na moda. Nunca esteve tão em alta ser feliz. É o único conceito que quanto mais se divide mais multiplica e sobra. Como já disse meu amigo Braz uma vez,  felicidade é aquela coisa que esquenta o corpo e faz a gente rir e depois olhar pro céu, meio que agradecendo, meio que cumprimentando, como quem diz “hey, eu sou feliz, e aí?”