quinta-feira, 12 de julho de 2012

O tempero que faltava





Depois de dar meu coração pro céu, depois de entregar os pontos, dar meia volta e jogar a toalha. Depois de me entediar das pessoas, de deixar pra lá, de me conformar com a solidão. Depois de me entregar pra sorte, apareceu você. Quando o cinza tava tomando todo o espaço e eu me vi com preguiça de interpretar as lições da vida, você veio e me falou de cor.

E eu me lembro muito bem como foi. É como quando você desiste de ganhar no jogo da velha, quando o espaços vazios em sequencia de três vão ficando preenchidos com o  símbolo do adversário. Como um dado viciado, como perder dinheiro, perder aposta, perder tempo. Era assim que eu estava. Você me encontrou na volta pra casa, depois de uma chuva danada. Me encontrou quando eu tava fechando a porta. E ai você entrou pela fresta da janela, que por descuido tava sem tramela em pleno dia de domingo, em pleno mês de Junho.

E agora, sinto que a vida virou do avesso, como quando o jogo parece perdido e você saca três ases seguidos, e ganha a partida. Parece uma sorte, parece uma dádiva, sei lá. Parece o vestido ideal escondido entre as roupas tamanho GG. É uma alegria, é uma esperança, é uma dança que eu nunca imaginei saber dançar.

Eu já não sei de mim. Você causou um redemoinho aqui dentro, um sentimento que eu nunca senti antes, que é sem nome e que me instiga demais a querer ser feliz. É um absurdo o que você faz comigo.  Tudo fica ligado em 220 quando você tá aqui. Perco completamente a noção de espaço, de tempo, de responsabilidade quando a gente se encontra e entrego tudo de bandeja pra você. Entrego o jogo, tiro o sapato, peço um beijo, me desmancho em frases bonitinhas. É você aparecer e eu te dou minha vida inteirinha de mão beijada pra você fazer dela sua casa. E fico torcendo pra você se sentir em casa, pra querer fazer parte, pra deixar tudo do seu jeito.

E eu quero mesmo é que você se sinta em casa. Quero que você coloque cor em tudo por aqui. Não me incomoda que você deixe tudo rock and roll, que a gente mude os horários e os dias da semana, que a segunda-feira seja o melhor dia a partir de agora, que a estante fique cheia de origamis, que os assuntos sejam os mais viajados possíveis. Não me importam os seus ex-amores, nem os meus, nem nada que possa atrapalhar isso que eu to sentindo. Eu não ligo! Eu quero que você arrume a zona que fizeram no meu coração! Quero que você bote ordem na casa, que tome as rédeas da minha vida. Eu te dou carta branca!  

Eu to disposta a ficar nos teus braços o tempo o que for. To disposta a viver essa loucura que é conciliar nossas agendas e não morrer de saudade. To disposta a encher a casa dos quadros que você gosta e experimentar todas as comidas que você prepara. Eu quero mesmo é viver algo diferente, algo real e principalmente recíproco. Quero um amor cativo.  

Tem uma mágica o jeito como você fala da gente, o jeito como meche no meu cabelo, como me dá carinho, como repara coisas em mim que ninguém nunca notou antes. É mágico o jeito como você cabe na desordem da minha vida. É mágico o jeito como você faz questão de me deixar fazer parte da sua.

Eu me decidi por você. Decidi admitir de uma vez por todas que não dá pra fugir disso, não dá pra usar a lógica nem medir os riscos. Eu quero tudo com você. Porque pela primeira vez na vida é fácil demais gostar de alguém. Porque existe troca, existe parceria, a gente se completa quando tá junto, a vida fica mais leve quando a gente se encontra.

Eu to te dando meu coração, com um embrulho bacana e um laço de fita pra que você tome conta dele. To te dando o calendário dos meus dias pra você preencher do jeito que quiser. To te dando minha vida pra você redecorar e mudar tudo por aqui. To te dizendo que eu quero que seja você o tempero que faltava. To te dizendo que eu te quero pra mim e ponto final.