sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Muito acima do asfalto, a Felicidade.





A gente caça felicidade como procura moeda dentro da bolsa. A gente busca como se vivesse com fome, com ânsia, com crise de abstinência. A gente vai até o outro lado da cidade atrás de rir, atrás de surpresas boas, atras de novidades, de amigos que demoraram pra vir. A gente roda 200 e tantos quilômetros atrás de se sentir velho e novo ao mesmo tempo, atrás de outro clima, outro sotaque. 

A gente tem mania mesmo de ir atrás de tudo que brilha, tudo que é grande, tudo que é belo. A felicidade é palpável sim. Tem o cheiro do perfume da pessoa amada, tem o sabor da comida que a vó fazia na infância, tem cor de pele bronzeada de praia com os amigos. A felicidade é tão, mais tão humana que chega a ser ridículo quando alguém fica olhando pro céu e esperando vir de lá algo parecido com ela e não se dá conta do trevo de 5 folhas no quintal de casa. 

A felicidade tá aqui, no filme engraçado, na conversa descontraída, nas coisas novas que a gente ousa experimentar, na falta de jeito com os talheres, e na mania de derrubar tudo. Ser feliz é rir da falta de jeito e da falta de importância que os problemas tem. Ser feliz é fazer alguém feliz, mesmo que por pouco tempo. É ver alguém te olhar sorrindo com cara de cúmplice e se sentir grande. Grande não, enorme. É agradecer à vida e não se sentir ridículo ou fora de moda por acreditar num mundo melhor. É saber que não machucou ninguém, é dormir de consciência tranquila de quem fez o certo, e ter sido forte o suficiente quando alguém te machucou. É meio que perdoar sem a pessoa ter pedido perdão. 

A gente não precisa de felicidade de comercial de margarina não. Basta aquela sensaçãozinha de quem come uma coisa gostosa e diz hmmm, de quem abraça e fecha o olho, de quem sente o coração acelerar quando alguém lhe rouba um beijo. Felicidade cabe no bolso, dá pra levar pra qualquer lugar, é barato e tá na moda. Nunca esteve tão em alta ser feliz. É o único conceito que quanto mais se divide mais multiplica e sobra. Como já disse meu amigo Braz uma vez,  felicidade é aquela coisa que esquenta o corpo e faz a gente rir e depois olhar pro céu, meio que agradecendo, meio que cumprimentando, como quem diz “hey, eu sou feliz, e aí?”  


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Deixa eu plantar carinho.





Vem amor, deita aqui no meu colo e deixa os problemas pra lá. Vem aqui, sente a maciez do tapete novo que eu comprei pra nossa sala. Vem e esquece a correria dessa vida doida que a gente leva. Vem pros meus braços e deixa todo o resto pra lá. Eu mais do que ninguém sei o que é ser sugado pela rotina, pelo trabalho, pela faculdade. Eu entendo perfeitamente o que é  não ter mais paciência pra lidar com gente sem noção, com responsabilidades demais e tempo de menos. Eu sei o que é correr, correr, correr, e no final não ver palpável tanto esforço. Mas vem pros meus braços, que eu garanto ser o lugar mais seguro por aqui. Deita aqui e deixa eu te fazer um carinho, te fazer dar um suspiro de quem encontra o caminho de casa, e te ninar até você dormir.Deixa eu plantar carinho no teu peito aperriado. Deixa eu ser teu porto, teu colo, teu cais. Deixa eu ser teu oásis, teu consolo, teu conforto pros dias ruins. Deixa eu ser o alívio. Deixa eu ser quem vai te receber e te fazer feliz de madrugada. Prometo não reclamar da falta que você me faz o tempo inteiro, e nem de como eu durmo menos tranquila sabendo que você ainda tá no mundo, correndo perigo. Prometo não me queixar das noites sozinha, nem do silêncio dessa casa vazia. Se for pra viajar, viajo, se for pra ficar na cidade, fico, se for pra mudar os horários, eu mudo. Meu único interesse é estar com você. Hoje, eu só quero te fazer carinho, te fazer dormir em paz. Te olhando assim tão sereno em meus braços eu esqueço da falta que você me fez essa semana, e seu sorriso satisfeito de olho fechado me dá a sensação de que, na verdade, você esteve aqui o tempo todo. Vem, meu dengo, não deixa que as preocupações roubem seus pensamentos nem a alegria que eu tanto gosto em você, não deixa que o trabalho te tome a felicidade instantânea das coisas bobas do dia-a-dia. Não deixa que o trabalho se torne tua vida, nossa vida, e sim só parte dela. Mas não pensa nisso, não pensa em mais nada. Só sente um pouquinho do calor do meu abraço. Não se preocupa, eu vou te esperar aqui toda noite, pra te receber cansado, e te deixar melhor. Te dou massagem, te sirvo um café, ouço seus desabafos, te empresto meu colo sempre que você precisar. Tudo sem pressa, porque essa vida da gente já é corrida demais. Quando você entrar e trancar a porta, os problemas ficam lá na calçada, longe da gente, e aqui tudo é confortável, macio, e bem quentinho. Aqui, o tempo passa arrastado, só pra que a felicidade da gente dure mais.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O tempero que faltava





Depois de dar meu coração pro céu, depois de entregar os pontos, dar meia volta e jogar a toalha. Depois de me entediar das pessoas, de deixar pra lá, de me conformar com a solidão. Depois de me entregar pra sorte, apareceu você. Quando o cinza tava tomando todo o espaço e eu me vi com preguiça de interpretar as lições da vida, você veio e me falou de cor.

E eu me lembro muito bem como foi. É como quando você desiste de ganhar no jogo da velha, quando o espaços vazios em sequencia de três vão ficando preenchidos com o  símbolo do adversário. Como um dado viciado, como perder dinheiro, perder aposta, perder tempo. Era assim que eu estava. Você me encontrou na volta pra casa, depois de uma chuva danada. Me encontrou quando eu tava fechando a porta. E ai você entrou pela fresta da janela, que por descuido tava sem tramela em pleno dia de domingo, em pleno mês de Junho.

E agora, sinto que a vida virou do avesso, como quando o jogo parece perdido e você saca três ases seguidos, e ganha a partida. Parece uma sorte, parece uma dádiva, sei lá. Parece o vestido ideal escondido entre as roupas tamanho GG. É uma alegria, é uma esperança, é uma dança que eu nunca imaginei saber dançar.

Eu já não sei de mim. Você causou um redemoinho aqui dentro, um sentimento que eu nunca senti antes, que é sem nome e que me instiga demais a querer ser feliz. É um absurdo o que você faz comigo.  Tudo fica ligado em 220 quando você tá aqui. Perco completamente a noção de espaço, de tempo, de responsabilidade quando a gente se encontra e entrego tudo de bandeja pra você. Entrego o jogo, tiro o sapato, peço um beijo, me desmancho em frases bonitinhas. É você aparecer e eu te dou minha vida inteirinha de mão beijada pra você fazer dela sua casa. E fico torcendo pra você se sentir em casa, pra querer fazer parte, pra deixar tudo do seu jeito.

E eu quero mesmo é que você se sinta em casa. Quero que você coloque cor em tudo por aqui. Não me incomoda que você deixe tudo rock and roll, que a gente mude os horários e os dias da semana, que a segunda-feira seja o melhor dia a partir de agora, que a estante fique cheia de origamis, que os assuntos sejam os mais viajados possíveis. Não me importam os seus ex-amores, nem os meus, nem nada que possa atrapalhar isso que eu to sentindo. Eu não ligo! Eu quero que você arrume a zona que fizeram no meu coração! Quero que você bote ordem na casa, que tome as rédeas da minha vida. Eu te dou carta branca!  

Eu to disposta a ficar nos teus braços o tempo o que for. To disposta a viver essa loucura que é conciliar nossas agendas e não morrer de saudade. To disposta a encher a casa dos quadros que você gosta e experimentar todas as comidas que você prepara. Eu quero mesmo é viver algo diferente, algo real e principalmente recíproco. Quero um amor cativo.  

Tem uma mágica o jeito como você fala da gente, o jeito como meche no meu cabelo, como me dá carinho, como repara coisas em mim que ninguém nunca notou antes. É mágico o jeito como você cabe na desordem da minha vida. É mágico o jeito como você faz questão de me deixar fazer parte da sua.

Eu me decidi por você. Decidi admitir de uma vez por todas que não dá pra fugir disso, não dá pra usar a lógica nem medir os riscos. Eu quero tudo com você. Porque pela primeira vez na vida é fácil demais gostar de alguém. Porque existe troca, existe parceria, a gente se completa quando tá junto, a vida fica mais leve quando a gente se encontra.

Eu to te dando meu coração, com um embrulho bacana e um laço de fita pra que você tome conta dele. To te dando o calendário dos meus dias pra você preencher do jeito que quiser. To te dando minha vida pra você redecorar e mudar tudo por aqui. To te dizendo que eu quero que seja você o tempero que faltava. To te dizendo que eu te quero pra mim e ponto final.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

(Mal)educação Sentimental



O problema é que é todo mundo igual demais. É que o mundo anda tão complicado, as pessoas andam tão superficiais, os relacionamentos andam tão plásticos, que eu me nego a participar disso. Não sei, acho que a culpa é dos ídolos que eu tenho, dos artistas que me viciei em ouvir, das coisas antigas que eu venero, e do signo, talvez. Quando cazuza dizia que “meus heróis morreram de overdose”, é disso que ele tava falando. É como se, agora, os meus heróis românticos e cheios de profundidade se tornassem cafonas nos dias de hoje, onde o que importa mesmo é a realização profissional, o carro do ano, a viagem dos sonhos. É como se, de repente, ter alguém não importasse tanto, como se fosse adjacente, como se sofrer por alguém fosse a maior burrice dos últimos tempos, como se as letras simplisinhas fossem o ápice da nova revolução ‘digital’, ‘econômica’, ‘sem complicações’.
Enquanto os novos jovens rebolam e descem até o chão com os novos ritmos eletrônicos, misturebas de funk, brega e sei lá mais o que, eu, cafona por natureza, me afundo ainda mais em clássicos, em rock antigo, em mpb. Tenho me sentido obsoleta, como se eu ainda insistisse em passar telegrama, quando todo mundo tecla compulsivamente seus i-phones, postando tudo que se passa em sua vida. Compartilhando e curtindo tudo e todo mundo. A coisa ficou sem filtro.
Mas a culpa é de Renato Russo, que me fez acreditar que eu sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta o meu desejo. A culpa é de Cazuza que me ensinou a ser Medieval, que me fez repetir que as vezes eu amo e construo castelos, as vezes eu amo tanto que tiro férias e embarco num tour pro inferno. A culpa é de Roberto Carlos, com mais de mil canções que me fazem essa mal educada sentimental, sem jeito, sem concerto.
E quem vai entender isso? Como exigir que alguém saiba o significado de romantismo nesse novo mundo pequeno de tempo, de espaço, de sentimento. Nesse novo cenário onde tudo é careta, é piegas, é brincadeira, é poesinhazinha barata de pára-choque de caminhão. É burrice gostar de alguém, se dedicar a alguém, e sofrer por alguém então é o cúmulo nos dias atuais. É o atestado de otário em nível máster.
O que era amor vira paixão, o que era paixão vira curtição, que vira sacanagem, que vira status alternativo no facebook. Vira tudo piada nas rodas de amigos. Os carinhas se gabam de quantas menininhas traçaram, as menininhas se gabam do tanto de carinhas que beijou e agora suruba é normal. E ai vai ter um monte de gente que nem sabe definir seu estado civil, porque no fim das contas fica todo mundo com todo mundo e sozinho ao mesmo tempo. Um monte de coração acostumado a ter algo intenso que vira quase nada, porque no fim das contas, foi tudo uma brincadeira, um joguinho bobo mesmo. Porque brincar com corações deixou de ser perigoso e zona proibida, e passou a ser parque de diversões. Afinal, tá tudo certo, ninguém nunca morreu por causa disso.
Se você diz que gosta, você é carente. Se você assume que ta apaixonado, você é infantil. Se você sofre quando é largado, você é burro. É como se o que era dor virasse vaidade, e os sentimentos embaralhassem todos, porque qualquer demonstração de afeto virou draminha e sofrimento desnecessário. 
No fim das contas, o que sobra é um monte de gente desencontrada, com um monte de ‘quase’ relacionamentos na bagagem. Com um monte de medinhos de amar, de se dar, de ser feliz, de se dedicar. Ninguém confia mais em ninguém porque ela mesmo não é confiável, e vive por ai aprontando em terrenos de corações alheios. O que sobra é um monte de gente adestrado, com manual de instruções de como entrar e sair de relacionamentos sem se envolver (como se isso fosse possível), e o outro que trate de dar conta de si. Um monte de gente bem educado. Pra não amar ninguém. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Poema da Porta Aberta






Enquanto eu lembrar de você e sorrir,
É porque a porta ainda está aberta
Tem um café quentinho, uns biscoitinhos de canela
E um sabor de coisa que fica sem precisar dela

Enquanto eu sentir o seu cheiro por ai, e sorrir
É porque eu ainda te espero,
Com as janelas abertas, e a mesa arrumada
Com o violão no colo, e uma poesia improvisada

Enquanto eu olhar pros outros, e ver você
É porque eu ainda quero,
E vou esperar me chamares por aquele apelido
Cheia de vida, de graça, e usando o mesmo vestido.

Enquanto eu tiver meio doente, meio doendo
Meio sem casa, meio descalça
Meio esperança, meio saudade
É porque você ainda pode vir e fazer parte.

Mas, se por acaso, você não me ver mais por ai
Se te disserem que eu andei sorrindo, e cheia de frases
Se eu comprar uma roupa nova, e trocar de perfume
É porque eu percebi que você já se foi tarde. 

domingo, 20 de maio de 2012

Um par.






Quero sentir de novo aquela antiga emoção de ter alguém chegando, pra ninar meu coração. Quero me arrumar toda, me perfumar, colocar minha melhor roupa pra receber alguém num sábado a noite. Eu quero sentir de novo o coração pulsar descompassado quando a campainha tocar e eu sei que é quem eu to esperando. Eu tenho sentido falta dessa coisa ritualizada que é ter alguém na sua vida. De ter alguém que ligue, que se importe, que conheça sua família, que brinque com seu cachorro, que saiba o caminho do seu quarto, que abra sua geladeira. Alguém que saiba seu telefone de cor, que você durma de conxinha, que faça cafuné, que cuide de você quando você tá naqueles dias. 

Nunca pensei dizer isso, mas eu to sentindo falta desse tipo de intimidade auto-destrutiva que a gente fabrica quando tá apaixonado reciprocamente. Eu que sempre coloquei a solteirisse num pedestal, num estado de felicidade continuo, agora tenho sentido falta de ficar em casa num sábado a noite, vendo um filme e comendo pipoca. Outro dia me peguei com vontade de sair pra almoçar com alguém num dia de domingo. Só pra bancar o casal bonitinho que sai de mãos dadas, exibindo seus corpos jovens e bem cuidados. 

As baladas estão sem graça, os programinhas em grupo tão perdendo o brilho que tinham quando eu entrei pra vida do “não devo nada a ninguém”, “to de volta à ativa”, “ninguém me segura”. É sempre do mesmo jeito, as mesmas músicas, os mesmos amigos com as mesmas conversas. Não tenho nem mais saco pra dar foras nos carinhas de boate, com suas camisas apertadinhas, seu copo de wisk na mão, com o mesmo papo de sempre, com a mesma falta de conteúdo. 

Eu quero uma risada cativa, um cheiro cativo, um corpo cativo, um aconchego cativo. Quero olhar alguém dormindo e dar um sorriso maroto de quem está satisfeito, quero me exibir por ai, de mãos dadas contando vantagem, quero a coisa telepática de saber as intenções do outro só de olhar. Quero fazer essas coisas de casais de novo, ir no supermercado juntos, ajeitar a gola da camisa, opinar sobre o sapato, reclamar do atraso, planejar viagem, brigar por besteira. Isso é amor, amor quente, como diz a música de Engenheiros. 

Eu quero uma ligação antes de dormir me perguntando sobre o meu dia, e mensagens de texto com letras de músicas bonitinhas. Quero um elogio sem vergonha e planos pras férias.  Sinto falta do contato, de falar sacanagem, de ouvir bronca e dar resposta à altura, de ciuminho besta, de comprar presente sem ter data pra comemorar. Sinto falta de ouvir um “você tá linda”, ou “adoro quando você veste essa roupa”.Sinto falta de ter pra quem dedilhar meu violão.  Eu gosto dessa coisa íntima, mesmo que só agora eu admita isso. Eu gosto da rotina a dois, e eu era muito boa nisso. Hoje eu confesso que quero ser, de novo, a metade da maçã de alguém. 


sábado, 19 de maio de 2012

Colhedor de Palavras







Eu escolho as melhores palavras do dicionário, junto-as nas mais perfeitas combinações, encho tudo de sentimento, e principalmente de sinceridade. E, como não poderia deixar de ser, as dedico a você. Talvez porque a minha inspiração depende de um objeto real, com mãos e pernas, e perfume forte de homem. Talvez porque o que você me faz sentir é o combustível para que eu crie, e escreva, e componha. Talvez porque, de alguma forma meio automática, está tudo interligado, e sem você pra me encher de sentimentos, de adjetivos, de texturas e formatos diferentes, minhas palavras não viriam, eu seria mais uma no meio desse tanto de gente que copia e cola.  Desse tanto de gente que usa palavras genéricas dos outros pra expressar seus sentimentos, tão particulares.

Eu tenho uma espécie de sentimento incondicional quando alguém chama a minha atenção, entra na minha vida e faz dela um lugar cativo. Me faz extremamente feliz ter alguém pra chamar de fonte, de cais, de porto, de lugar onde eu possa repousar todas as minhas criações cotidianas. Me faz feliz ter alguém a quem dedicar todo os meus sentimentos mais singelos, tudo aquilo que me motiva a escrever, a expressar de alguma forma o que só aquela pessoa desperta em mim.

Eu tenho uma crença ingênua nas pessoas, eu realmente acredito na pureza dos sentimentos, e talvez isso seja o que me faz plantar todo o meu carinho, e toda a minha gratidão por ter alguém a quem amar. E qualquer coisa se torna semente na terra fértil do meu coração. O olho no olho, o toque de mãos, o beijo silente e delicado que surge das mais diversas formas. Tudo é matéria pra eu me desabrochar em metáforas e rimas ricas sobre você. Só de pensar em seu abraço, e no seu jeito particular de me chamar, uma nova frase de efeito vem junto do pensamento, já ordenada, pedindo pra ser escrita. Vem em forma de partitura, cheia de ritmo, cheia de forma, de textura, de cor.

A única coisa que eu peço em troca é que você saiba colher todo o sentimento que eu te dou em forma de palavras. Não quero palavras por retribuição, eu me contento em saber que você consegue receber as vibrações que eu passo através das linhas que eu preencho sobre você. Eu quero alguém que saiba receber, que entenda a importância que tem pra mim, ao caber num texto meu. Que colha o meu carinho, o meu afeto, o meu amor dedicado com tanto anelo através das minhas frases exageradas e passionais. Eu quero que você seja minha fonte inspiradora cativa, a mola propulsora das minhas idéias, o colhedor dessas minhas palavras cheias de vertigem e loucura por você. Eu só quero que você reconheça que ninguém nunca vai conseguir fazer o mesmo, porque apenas eu planto você com vogais, consoantes, anagramas e rimas. Só eu te entrelaço no meio das minhas letras, e só aqui você vive um romance perfeito. 


sábado, 28 de abril de 2012

Todo mundo merece um poeta em sua vida.




Todo mundo merece acordar ao lado de um poeta. O poeta acorda vendo luzes diferentes, cores transcendentes, aromas naturais em flores sintéticas, e sabor de café da manhã na boca. O poeta quando dá “Bom dia”, ele cumprimenta o cosmo, pede permissão aos deuses, beija sua amada, e faz as pazes com a vida que segue. Ele toma o café, e come pão com manteiga e poesia. O poeta escolhe a roupa de acordo com a melodia dos carros passando ou da música que a vizinha está escutando. Ele se veste, se apronta, toma fôlego e solta um verso desapercebido, como quem come uma maça. O poeta água as plantas, faz um carinho no cachorro velho, se benze e sai.
Todo mundo deveria trabalhar ao lado de um poeta. Ele sempre chega de bom humor, e quando está de mau humor consegue expressa-lo tão bem, que ao invés de causar sentimentos ruins, causa admiração. O poeta faz com amor, e faz por amor. Trabalha no que quer, e faz da rotina algo agradavelmente simples de contar. Ele é um contador de histórias corriqueiras, um artista de rua, um malabarista de sinal, tornado o dia de quem tá perto mais colorido.
Todo mundo deveria amar um poeta. Ele sabe definir o que é o amor, ou a paixão, ou o rebuliço dos sentimentos que sente por você. Ele é explicito, é lírico, é emotivo, é presente, é com graça, é com tesão, é com carinho. Ele é todo ele, como uma poesia sua, como uma melodia em tom maior, como uma obra de arte barroca, como a manhã que nasce e o sol que se põe. Toda crise seria um mero bloqueio de inspiração, toda briga seria uma explosão de palavras apenas, Traição seria licença Poética, e no fim, o amor entre os dois daria um poema com rimas raras, uma música nova tocada ao pé da cama, uma fotografia de um ângulo que só quem é artista saberia ver. Amar alguém assim seria ter carinho em todas as refeições, bom humor o tempo inteiro, e uma cumplicidade que é inerte a quem deixa os sentimentos parecerem tão tangíveis como só um poeta é capaz.  O poeta é um nível superior de ser humano, é um romântico, é um sonhador, é a pessoa ideal pra ter filhos, pra ter netos, pra viver e ficar velhinho sem tédio, sem monotonia, sem idade pesada nos ombros. O poeta nunca envelhece! Ser amado por alguém assim, é como uma poesia que se ganha de presente, uma caricatura sua, uma música dedicada pra você, uma dádiva mesmo.
Todo mundo merece ter um poeta em sua vida pelo simples fato do poeta ser um amante nato, um apaixonado pelas cores, pelas formas, pela vida, e pela arte que é viver e amar alguém. Todo mundo merece alguém que pense em você e os melhores adjetivos surjam, que pense em você e dedilhe as suas melhores notas, que pense em você e o universo se expanda, revelando a poesia dos astros, dos deuses, do amor que brota no coração de quem admite que ele existe e é maravilhoso. Todo mundo merece poesia em dias úteis. 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Temos nosso próprio tempo




De certa forma, eu ja recebi um bom presente da vida. Hoje eu me sinto mais forte que há tempos atrás, me sinto jovem, bonita, realizada. Sinto que escolhi o caminho certo, e não me arrependo dessas decisões de um ano pra cá. E muita coisa mudou. A cor do cabelo, o gosto por coisas mais fortes, cores mais vibrantes, esmalte escuro, rímel, brincos de argolas grandes. Mudou também o modo de ver a vida. Algo despertou em mim de uma maneira mais sensível, mais prolixa, como se eu tivesse passado muito tempo sem prestar atenção a coisas que são lindas e estavam o tempo todo às minhas vistas, mas eu não percebi.

Hoje eu me sinto mais livre. Menos comprometida com a natureza das coisas, mais preocupada com a minha própria satisfação. Desde o meu último aniversário eu tenho trabalhado meu eu de uma maneira mais egoísta, mais simplória, como se minha vontade fosse o suficiente pras coisas importarem. E por tabela, tenho me aproximado mais das pessoas que eu amo de verdade. Como se antes elas fossem anexos que eu devia levar em conta, e hoje elas fossem parte do todo, mais que isso, como se elas fossem o meu todo, e pensando em mim eu estaria pensando nelas.

Em se tratando de amor, eu ainda estou em fase de testes. Não sei ao certo se isso vai durar até os vinte anos. Espero que não. Mas a minha condição não me faz perder o sono. E isso é algo que eu valorizo muito. Não sei o que o destino tem guardado pra mim, se é que existe alguém que possa de alguma forma completar meus traços meio tortos. Tenho desejado isso. Tenho esperado pacientemente, que mais dia menos dia, eu encontre o caminho de casa. Que no fim, sejam só duas pessoas buscando viver. Eu não quero mais alguém pra sonhar, quero realmente alguém pra viver. Pra somar, pra me fazer rir, ou pra teimar comigo. Chega de preocupações, cismas, convenções. Nada disso me atrai. Quero tudo muito simples, muito meu.

No fundo ainda sou a mesma. Não se muda essência. Ainda sou teimosa, egoísta, boba, apaixonada, alegre. Eu ainda sou a menina moleca que se arrisca em árvores, canta baladinhas, chora com o fim da novela das seis, vê filmes históricos, gosta de aventura. Eu ainda consigo definir o que se passa aqui dentro, e continuo respeitando e assumindo o que eu sinto. Não adianta, o tempo passa, as pessoas mudam, envelhecem, aprendem novas lições, conhecem novas pessoas, mas o que elas são de verdade fica intacto.

Meu presente de aniversário? Sei que a vida vai se encarregar de me mandar aquilo que eu mereça, que eu precise. É que Deus dá o frio segundo o cobertor. Sei das minhas imperfeições, e não peço nada de extraordinário. Não tenho o direito de pedir nada, muito embora tenha preces secretas pra exercitar minha fé toda noite. Eu só peço que eu continue acreditando, tendo fé na vida, na sorte, nas pessoas. Que meu velho otimismo burro de sempre me siga pelos anos. Que desfaçam-se as ilusões da vida, que eu ame o que vale a pena ser amado, e que eu transmita boas vibrações por onde eu for. Que as pessoas gostem de mim pelo que eu sou de verdade. Que o amor me visite, e fique por gostar de ficar. Que não suma com o vento. E que a vida seja bela por ser vida, por ser excêntrica e assustadora. Por ser grande, cruel e maravilhosa. Por ser bom demais viver! Esse é o meu maior presente!  

quinta-feira, 29 de março de 2012

Prece


Senhor, perdoa essa minha insegurança.
A falta de fé que as vezes se apodera de mim, 
O medo de me entregar completamente. 
Senhor, perdoa a minha tolice em achar que tudo pode ser melhor.
Em não aceitar a realidade, e acreditar nas pessoas. 
Ó pai, perdoa a minha falta de jeito em demonstrar afeto
A minha impaciência, intolerância e minha espera por sentimentos alheios. 
Senhor, perdoa-me. Sou humana, e padeço do mal de amar. 

domingo, 18 de março de 2012

Poeminha.



Não tem um dia que eu não espere.
Um bilhete, uma carta, um telefonema a cobrar.
Um sinal, uma pista, um encontro marcado em algum lugar.
Não tem um dia que eu não deseje a sorte.
Aqui, à dois metros, na próxima esquina, ou no coração de algum rapaz.
Não tem um dia que eu não queira.
Um poeminha, uma musiquinha, um pedido descabido ou uma rosinha cor de lavanda num dia qualquer.
O amor é o precipício dos meus dias.
Morro de medo da solidão. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Um brinde às Mulheres Desdobráveis.



Um brinde à mulher e à toda a sua versatilidade, coragem e leveza em conduzir a vida.

Um brinde à primeira mulher, que pecou, e à geração que carregou nos ombros.

Um brinde às mulheres de fibra, que enfrentaram guerras, e participaram da história como protagonistas. À Joana Dark, Anita Garibaldi.

Um brinde às mulheres que ao queimar seus sutiãs, decretaram para sempre liberdade e autonomia. Às operárias, sindicalistas, domésticas e mães de família que mudaram a história.

Um brinde às mulheres da política. Às que se desprenderam e se desprendem do comodismo do sexo frágil e lideram homens, Estados, Nações.

Um brinde à Maria Bonita, que deixou cravada no tempo a marca indelével de que as mulheres são fortes, corajosas e independentes por natureza. E nenhum homem as domina.

Um brinde às mulheres mansas, as bondosas, as caridosas. À Madre Tereza e suas tantas discípulas espalhadas pelo mundo.

Um brinde às mulheres artistas. Às que pintam, as que cantam, as que dançam, as que escrevem, às que atuam, e assim fazem do mundo um lugar mais bonito. Às que ao se exporem assim, quebraram tabus e deixaram sua marca. À Carmen Miranda, Marilyn Monroe.

Um brinde às mulheres anônimas, donas de casa, costureiras, empresárias, médicas, advogadas, lavadeiras, e todas que hoje tem uma profissão e sustentam o lar. Às super-heroinas que salvam o mundo todo dia.

Um brinde às mulheres que trabalham, estudam, cuidam do lar, dos filhos, do marido, e de si. Às mulheres multifuncional, que planejam seu dia e realizam tudo, com louvor.

Um brinde às mulheres que menstruam, se depilam, ficam lindas, bem arrumadas, e sedutoras. Às mulheres que conquistam homens e dão conta deles. Às mulheres “cama, mesa e banho”. Às que conseguem ser carinhosas e mandonas, sensuais e molecas, desajeitadas e sexys, inteligentes e engraçadas. 

Um brinde às mulheres que amam e vão até o fim do mundo por uma paixão. Às que já sofreram ou sofrem por amor, principalmente. E às que são amadas, e bem amadas.

Um brinde às mães, que são as Mulheres Premium. As que parem, as que cuidam, as que educam. Um brinde à minha mãe que me pariu e me amou antes de me ver.

Um brinde à todas as mulheres, de todas as idades, predestinadas ao sofrimento, que fazem jornada tripla, que tem filhos, marido, namorado, emprego, amigos. E seguram as pontas melhor que qualquer homem jamais poderia.

Um brinde à nós, mulheres. Nossas mães, avós, tias, amigas...

E como dizia Adélia Prado, Mulher é desdobrável. Eu sou. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Poema para Vanessa


"Quando, aos 9 anos conheci Vanessa
Ainda tinha olhos grandes, lábios vermelhos e uma timidez constrangedora
Eu ouvi o primeiro “tudo bom?” no primário
Olhei a sorte e respirei
Estava em casa.

Quando, na época das espinhas, era colega de Vanessa
Sentava na primeira carteira, e discutia a evolução humana
Dividíamos trabalhos escolares, idéias revolucionárias, as maiores notas da classe
Eu olhava a sorte e respirava
Não era a única

Quando estava no colegial, reconheci Vanessa
 Ela me apresentou galinhas azuis, arrotos escandalosos, a coletânea de 20 anos de Rock Brasil.
Sentar de perna aberta, falar de dor de barriga, e outras coisas que não se pode dizer em público.
Me apresentou o sentido de ser amigo, de não ter frescura, de ser meio pai, meio irmão.
Eu olhei a sorte e respirei
Tinha uma companheira de aventuras.

Hoje, eu me misturo com Vanessa em uma porção de coisas
Em outras, prefiro deixar só com ela, pra admirar apenas e dar boas risadas.
Divagamos sobre os assuntos complicados, coisas do coração, assunto de mulherzinha, assunto de homem, assunto de vagabundo e de intelectual.
Discutimos MPB, arte moderna, Araucárias, Jorge Amado, Alta da Bolsa, Crise do petróleo, cor de esmalte, capitalismo, futebol, Faroeste Caboclo e outras particularidades como ninguém mais conseguiria.
Hoje, constantemente, eu olho a sorte e respiro
Agradeço a Deus por conhecer a irreverência e plenitude da amizade. " 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mil desculpas, eu não sei jogar.

Sexta, 03 de Fevereiro






Não, eu nunca fui boa jogadora. Na verdade nunca tive habilidade suficiente para manipular, usar desgraças a meu favor, brincar com sentimentos alheios, omitir as verdadeiras intenções. Nunca tive vocação pra isso. Acho que seria perda de tempo tentar qualquer coisa do gênero.

Não vou falar em resultado. É bem verdade que não se pode ganhar sem ter jogado. Mas sinceramente, eu me isento do dito prazer em se sobressair quando se trata de sentimento. Acho superficial e sádico demais atuar na vida real. E eu já entreguei os pontos a muito tempo por saber que quem joga um dia perde.

Eu não tenho paciência para joguinhos idiotas. Ser difícil, para darem valor. Ignorar para correrem atrás. Não expor os sentimentos, pra não correr riscos. Tentar criar uma barreira de proteção ao redor de si ou separar razão de emoção, como se isso fosse possível. Eu me cansei desse ritual estúpido que algum idiota um dia disse que funcionava nos assuntos do coração. E pode até funcionar. Pros outros. Pra mim, eu faço questão de que não funcione.  

Comigo é do jeito simples. Se eu tiver vontade, ligo. Se tiver saudade, digo. Se quiser perto, procuro. E se tiver apaixonada, assumo. Falo e faço o que meu coração manda, o que minha vontade quer e o que a minha razão permite. Sou responsável pelo meu corpo, sentimentos e consciência incluídos. Não vou dizer que sou uma pessoa realizada por isso, nem que isso funcione de fato. A questão é que eu não conseguiria agir de outro jeito. Seria como anular quem eu sou de verdade. E eu sou explicita. Desejos expressos, sentimentos claros, atitudes condizentes com o querer. Tudo o mais sincero possível.

E como não podia ser diferente, não quero e nem vou jogar com você. Enquanto eu te quiser por perto, vou admitir que quero, vou fazer o possível pra que isso aconteça, e vou ser a mesma, sempre. Eu não vou mudar com você.

E quando eu perceber que ser assim não atrai, não instiga, não estimula, eu paro. Tento outro parceiro pra viver, e não pra jogar. Alguém que, como eu, não precise sentir que perdeu pra dar valor. Quando eu me cansar dos joguinhos, das frases de efeito, das revelações em entrelinhas, eu respiro fundo, jogo a toalha, e sigo.  

Não vou jogar pra ganhar você, como se você fosse um prêmio, um objeto do meu bel prazer, um mero fantoche do meu teatro. Você é humano, como eu, cheio de desejos, sentimentos, sensações, medos e vontades. Não vou te colocar num patamar. Eu quero que você fique por mim, por você e pelo que a gente pode viver junto. Quero que fique por gostar de quem eu sou, uma péssima jogadora. 

P.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Chuva do Caju

Sábado, 28 de Janeiro 




Você é como a chuva do caju que cai de repente no calor mais doido de Novembro.  
É como o raro tantinho de alegria que brota do pasto,
Como a plenitude que surge nos campos, e a soberba que emana da terra
Quando tá pronta pra te receber.

Você é a chuva que cai aos montes, inunda e alaga os sertões da minha vida.
É a água límpida e altiva que invade casas, terraços, quintais.
Você é o improviso da natureza cheia de segundas intenções.
Você é o encontro de águas que eu gosto de ter.

Você é a abundância desconhecida e tamanha
Sem medida, sem pudor, que alaga, que preenche tudo.
Você é a fartura na mesa de um sertanejo.
É um bucado disso, um tanto de outras coisas e pouco mais.

Você é pra mim, a época mais esperada do ano.
O encontro marcado, o milagre das nuvens em pleno verão.
E eu sou o alivio, o brilho graúdo do olho, o sorriso satisfeito
De quem passou o ano inteiro te esperando chegar e alagar meu coração.  

P. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

De alecrim em alecrim.






Vou colocar alecrim na nossa porta
Pra desatar o botão das coisas escuras
Preu chegar bem perto, sentar no teu colo
Colher teus olhinhos, ler teu corpo como partitura

Vou plantar alecrim no jardim
Pra deixar o aroma do azul discreto
Dos amores que nascem de mansinho
Se apossam da terra, das paredes, do teto.

Vou te coroar de alecrim  
Pra te fazer viver pra sempre no meu peito
Como planta que enraíza na alma
E se deixa ficar de qualquer jeito.

Vou tocar tua pele que nem alecrim
Te enfeitar com a beleza da juventude
Trazendo alegria em dias de sol
Jogando fora a tristeza, outrora amiúde.