segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Eu nunca disse adeus.

Segunda, 6 de Dezembro

Querido G,







O meu amor jamais será ex-amor. Pelo simples fato de que sentimento nunca morre. E ao olhar em seus olhos, eu tive a certeza disso. E eu arranquei de dentro de mim uma força sobre-humana que eu nem sabia que tinha. E ao pronunciar aquelas duras palavras de fim, um filme passou em minha mente. Eu vi o meu menino, o meu melhor amigo, o meu companheiro, o meu amor olhando pelas entrelinhas do que eu dizia e seus olhos me pediam para reconsiderar. Vi meu esforço esvaí-se em silêncios seguidos, e todo o texto que eu ensaiara reduziu-se a monossílabos e reticências. Eu o amei à segunda vista. Não foi paixão tradicional. Eu descobri o meu amor e o convenci a me amar também. Eu que, antes encarnava o “ príncipe conquistador “, agora era a vilã.

Mas a verdade é que nosso pequeno conto de fadas já tinha passado ao plano da realidade à algum tempo, mostrando que quase nada continua imutável ao passar dos anos. É como aquela coisa que você sabe o certo a fazer, mas por preguiça,medo ou covardia, deixa sempre pra depois. E eu me dei conta que esse deixar pra depois, cozinhando sempre em banho Maria não estava nos fazendo bem. Não estava me fazendo bem, sobretudo. Eu tomei a decisão e na hora de dizer “acabou” eu disse. E no instante seguinte lembrei do quanto aquele cara me fez feliz, do quanto nossa relação foi saudável até certo ponto,do quanto éramos verdadeiros e intensos. Lembrei do tanto de coisas que aprendemos juntos. E principalmente daquele amor que era tão lindo.

Eu disse “acabou” e meu coração sangrou. Porque eu estava fazendo o certo, mas o meu coração ainda estava preso a um passado maravilhosamente saudoso. E eu chorei. Porque eu queria que tudo fosse diferente. Queria mesmo que a vida não tivesse nos levado pra caminhos tão turbulentos e distantes. Nosso adeus não foi nada tradicional. Nos abraçamos por horas sem dizer uma palavra, nos beijamos, merecíamos isso. Choramos e sentimos que o elo que nos unia era tão forte que não acabaria ali. Como a aliança de Afrodite, como o sangue que vai até o coração, como o nosso amor, tudo nos mostrava que aquilo não podia ser um adeus.

E eu jamais o esquecerei. Pode passar o tempo, as situações, as circunstâncias, e até outros amores. Mas o que vivemos, a vida que compartilhamos ficará cada vez mais viva, como toda boa história de amor. Um amor puro. Hoje, minhas lágrimas não são de arrependimento, e sim lágrimas nostálgicas do quanto eu fui feliz ao lado dele. Ele será pra sempre o meu eterno namorado, porque mesmo nós não estando mais juntos, eu o sinto como parte de mim, e eu sei que ele sente o mesmo. O nosso amor é o velho amor ainda e sempre.


Com carinho,
P.

domingo, 31 de outubro de 2010

Ensaio sobre a tristeza

Domingo, 31 de Outubro
Querido Leitor,




Em pensar que de tantos sentimentos que se pode sentir, eu escolhi a tristeza. Porque de uma certa forma, ela preenche. A tristeza está tanto no recôndito da alma quanto na superfície da pele. Lá é seguro, e sobretudo sincero. Não é preciso forçar um sorriso, nem responder bom dia quando o dia não está tão bom assim. A tristeza é exata, como na música de Renato Russo. Ela anuncia a chegada, e fica por tempo determinado. E chega a ser belo se sentir triste. Se isolar num canto e se abraçar por faltar um abraço recíproco. Usar a voz reflexiva, conjuga-la por falta de coisa alegre.  A tristeza é sutil, é simples. E por isso, bela. E quem disser que é ruim sentir-se triste, mente. Porque a tristeza é opção própria. É fuga de realidade, é coração que vive de ócio ou da falta dele. Mas na verdade, tudo é motivo pra tristeza. Um amor que vai, um amor que não vem, ou simplesmente uma noite de sábado sem planos. Triste são os Invernos desacompanhos, os Verões de agenda lotada, os outonos sem prestar atenção nas folhas que caem, primaveras sem flor. Triste é gente demais, falta de ar. Gente de menos, solidão. Triste é desilusão, morte, falta de vontade. Triste somos nós, meros mortais, que passamos a vida inteira buscando algo que não sabemos o nome, nem se já encontramos, quando encontramos. Triste é correr, correr, correr e descobrir que sempre acabamos voltando pro mesmo lugar. Triste é o desassossego ou sossego demais. é dia chuvoso, é a televisão. Sentir-se triste é banal, sabê-lo é divino. Há beleza no admitir a tristeza. Responder com convicção que se está triste, chorar por isso, não enxugar as lágrimas, sair na rua, olhar as pessoas e ainda sentir-se triste. Tristeza egoísta. Não deixar pra lá, não pedir desculpas pela má companhia, compartilhar a tristeza e disseminá-la. Somos tristes por natureza, nascemos chorando, e continuamos chorando até os nossos últimos dias. E não há mal nenhum em machucar o próprio coração, causar em si espasmos múltiplos de recolhimento e alto punição. É humano, como nós. E no nosso manual, é na tristeza que nos conhecemos melhor, que aprendemos a nos respeitar, e ver o quanto somos insignificantes diante a magnitude da vida. é na tristeza que ficamos melhores, fortes e complacentes com o acaso de viver.

Com tristeza,
P.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tão longe da próxima esquina.

Sexta, 15 de Outubro

Querido Leitor,



Eles conversavam desimportâncias. E ai, no escuro, no momento em que as almas alheias param, e passam à categoria de coadjuvantes, ele pegou suavemente no rosto dela, o virou lentamente e a beijou. E Ela deixou que aquilo acontecesse.  Nunca tinha passado por um momento tão mágico. E por uns instantes, ela viu ali uma possibilidade de viver algo especial que não partisse dela. Depois de tanto tempo sem ser conquistada, se sentiu como uma dama. Como se fosse cortejada por um príncipe. Quando se deu conta de si, a única coisa que conseguiu falar foi que ali não era o lugar. E depois de risos envergonhados, e algumas leviandades sobre sedução, eles mudaram de assunto. Até a despedida. E como tem situações em que a despedida pode ser maravilhosamente boa, aquela foi um exemplo disso. Ele ia entrar na próxima rua à direita, e ela iria para o outro lado. Eles se abraçaram e quando os rostos parearam, a respiração ofegou e ele perguntou afirmando se aquele era o lugar, sem esperar resposta. E aquela esquina presenciou um dos beijos mais românticos já protagonizados na história daquela rua. A esquina foi o lugar ideal, para uma história de poucos segundos. E numa união de bocas, olhos fechados e nenhum pensamento a vista, tudo se tornou silêncio e todos os expectadores invisíveis encheram os olhos ao ver a cena. Nenhuma desculpa, sem mais ou menos, tudo claro. Depois disso, nunca mais se voltou a falar do assunto. Foi o instante mágico mais singelo entre dois quase estranhos, que se conservou apenas na memória dos dois, pra que o tempo não levasse embora. E mesmo com tantas miragens, os dois tornaram-se uma verdade impossível, um crime perfeito, os dois culpados, e felizes por isso. Ele foi embora sem dizer adeus, e ela ficou sozinha e cheia de saudades sempre que aquela esquina indiscreta lhe sorria confidente, lhe enchendo de esperança de que ele um dia vai voltar. Ela só o queria por perto.

Com desilusão,
P.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não Recicle Sentimentos

Segunda, 27 de Setembro

Querido R, 


Não use com amores diferentes os mesmos hábitos, os mesmos gestos. As pessoas são diferentes e por obrigação temos que diversificar nossa forma de amá-las. Não chame seus amores com o mesmo apelido. Invente novos. Um para cada novo amor, mesmo que pra isso você passe noites em claro procurando novos jeitos de chamá-lo. Não ouse cantar para um novo amor uma música já usada pra um amor antigo. Amores novos exigem novas trilhas sonoras. Procure novas canções. Existem tantas. Pra quê economizar? Se ainda assim isso não for suficiente, componha uma, mas nunca use aquela que você já cantou pra alguém. Não repita frases de amor. Mesmo que elas sejam boas, ninguém é tão indigno para merecer algo que já foi dedicado pra outro alguém. Existem tantas outras citações bonitas de amor, e tantas palavras no dicionário esperando para compor uma bela frase que chega a ser desperdício não usá-las. Não dê os mesmos presentes, não use a mesma cantada, nem convide para os mesmos lugares. Não telefone pelas mesmas razões, nem mande as mesmas mensagens. Não recicle jeitos de amar, porque fazendo isso, sem querer você recicla sentimentos. Você condiciona alguém a viver o mesmo amor que você já viveu antes. Procure um novo jeito de abraçar, um novo lugar do corpo pra explorar, um novo modo de beijar, um novo ângulo para olhar. Um pra cada amor. Tanto pros duradouros quanto pros amores de verão. Todo mundo merece exclusividade e originalidade no jeito de ser amado. Ame cada pessoa como se não houvesse amado ninguém antes e sem uma previsão de amores futuros. Gaste com essa pessoa todo o seu estoque de palavras bonitas, músicas românticas e presentes, sem se preocupar. Se vier um novo amor, haverão novas palavras, músicas, presentes e ações inéditas prontas para serem usadas.
Com carinho,
P.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Boêmia apaixonada

Quinta, 16 de Setembro

Querido Leitor,



É quase sublime a dor de uma paixão acabada. Pode soar sádico, mas eu aprecio tremendamente as pessoas que sofrem depois que são deixadas por quem amam.  Afinal, é muito fácil você achar beleza em um casal apaixonado, que trocam poemas, carícias, e juras de amor. Todo mundo acha isso bonito. Mas e a beleza de alguém que além de amar se dispõe a sofrer por esse amor? Se entregar sem medo de sofrer é raro. E mesmo assim, ainda há aqueles que correm esse risco, assinam esse contrato, e de fato sofrem no final de tudo. Eu não sinto pena de pessoas assim e nem digo pra que elas saiam dessa situação. Eu as admiro, elogio, me junto a elas, ouço suas mágoas e as incentivo pra que elas continuem tendo a mesma sensibilidade, amando e sofrendo do mesmo jeito, porque esse tipo de amor está em extinção. Curtir a boêmia, do mesmo jeito que os poetas românticos do século XIX, é resgatar aquele amor ideológico, necessário, exagerado e belo. Sofrer por alguém que se ama é como ter por merecimento um lugar no céu. Porque é a maior prova de doação em detrimento de alguém que nem ao menos se importa. É oferecer seu melhor ao ponto de ir morrendo aos poucos por não ser correspondido. Já dizia Jorge Amado que de amor não se morre, se vive. Mas certamente o que ele esqueceu de mencionar é que essa morte é morte súbita, mas no caso do amor é mais cruel, é morte que definha, que vence pelo cansaço, de tanto fazer sofrer. Viver esse amor é correr atrás de um trem com flores nos trilhos, implorando pra que aquela pessoa volte. É continuar acreditando mesmo quando tudo mostra que não tem mais jeito. É entender isso da pior maneira possível, e se entregar pra morrer por não ver mais outro motivo que justifique a sua existência. É embebedar-se do álcool dos abandonados, dos corpos mais estranhos, dos venenos existenciais, do subjugar alheio, da vergonha pela fraqueza, do sentimento de perda, das doenças causadas pelo abandono, dos devaneios. É juntar tudo num cálice só, virar sem pena de si, emborcar o copo, pedir a conta, e ir para o próximo bar.

Com umas doses de solidão,
P.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Meu mundo e nada mais.

Terça, 07 de Setembro

Querido remetente,



         Eu coloco meus fones de ouvido e saio do mundo palpável. Eles são o limite entre esses mundos distintos. Saio de um insano e fulgaz para atingir um plano mais encantador. Assim fica fácil ficar inerte aos problemas corriqueiros. Quando ocupo meus ouvidos com a música que me faz bem, o resto lá fora indifere e somos apenas eu e meu som preferido. Gosto dessa sensação de ignorar todos os outros sentidos e só usar a audição para adentrar na sintonia de uma frequência só minha. Eu ponho meus fones e tudo faz mais sentido. Não preciso explicar ou justificar nada a ninguém e não há necessidade de mais nada. E assim como os fones, junto meus óculos escuros pra eu me desligar do mundo real. Por eles, eu vejo as mesmas coisas, porém com um ângulo de um observador que não participa da história, como se olhasse por uma janela e do lado de fora ninguém pudesse me ver. Óculos escuros são máscaras, que nos protegem do sol e do mundo que apenas vemos passar pelas lentes. A verdade é que ver o mundo como ele é e senti-lo na sua realidade chateia, enfada e faz desacreditar. Por isso, gosto de de meios que me transporte para meu universo paralelo. Estar em um mundo, participando de outro criado, é previlégio de quem quer ser além de humano, dono de mundos particulares.  

Pra mim, 
P.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Obsolescência Necessária

        Aqueles velhos costumes vão se tornando obsoletos. Até as roupas que aderiram o formato do corpo já estão fora de moda. E os pensamentos e desejos vão mudando de opinião. Porque tudo muda e tende a melhorar. E os velhos hábitos vão ficando fora do contexto diante de cada nova realidade. Agora eu sei que mudar é mais natural do que pensamos. É sutil, quase instantâneo. Somos eternas metamorfoses, buscando sempre algo mais colorido e atraente do que aquilo que possuímos. As coisas velhas, as roupas, os recortes de jornal e as fotos vão ganhando um lugar especial. Aquele lugar em que vamos quando queremos nos orgulhar do que um dia fomos. Porém, no presente, essas lembranças apenas coexistem. Elas não têm existência própria. Não há nenhum problema nas coisas tornarem-se obsoletas. Aliás, isso é necessário para dar lugar às coisas novas que se adequam melhor ao nosso presente. As velharias, quinquilharias e tralhas fazem parte de um mundo seguro que o tempo não dissolve, e é lá que devem permanecer, porque o mundo em transe é novo a cada novo amanhacer. E entre tantos mundos, o irreal salta aos olhos e o real é vivido a cada dia da semana.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Carta de uma paixão.


Eu me peguei pensando em você. Eu pensava e um sorriso maroto tomava conta do meu rosto. E no meu pensamento, eu achava aqueles seus grandes olhos negros que sorriam, e talvez por isso eu sorrisse também. Eu lembrava das piadas em horas impróprias e do frio que fazia. De como eu gostei de você desde a primeira conversa osmótica sobre orientalidades. Você concordava com as minhas teses, enquanto eu falava atropelando palavras por estar mais concentrada observando seus gestos. Admirava suas feições, o jeito como juntava as mãos, seu timbre e o efeito que causava em mim. Não imaginava que pudesse sentir essa sensação depois acreditar e desacreditar tantas vezes. Foi como uma união súbita de aureas, de signos, de karmas, uma empatia instantânea como se já nos conhecessemos desde sempre. Você, sem querer, me fez lembrar minhas velhas manias. E quanto mais você falava de sí, mas eu me via nas suas características, como se fosse de mim que você falasse. E quando algo não parecia, essa diferença me fazia gostar ainda mais de você, como simétricos perfeitos. Parece até que você tinha lido meu manual de instruções, porque você dizia exatamente o que eu merecia ouvir. E eu torço, sinceramente, com uma leve sensação lívida, para que você continue me fazendo sorrir ao pensar em você. Para que algo por dentro me faça voltar a acreditar que algo maravilhoso assim é possivel.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira 13

        Hoje, Sexta-feira 13. E como muitos acreditam, um dia de azar. Não se sabe ao certo, como surgiu essa superstição a cerca da Sexta Treze, mas indícios apontam que foi obra dos romanos. Mas há vários supostos criadores do mito desse dia macabro. Reza a lenda europeia, por exemplo, que é o dia em que as bruxas decidem atentar os humanos. Mas os nórdicos explicam de outra forma. Segundo eles, houve um banquete com 12 deuses, e LOKI, o espírito da discórdia deu uma de penetra na festa, armando uma briga que culminou na morte de Balder, um popular entre os deuses. Ou seja, ele foi décimo terceiro.
        Outra visão afirma ser FRIGA (deusa do amor e beleza) a responsável pelos maus presságios da Sexta 13. Ela foi transformada em bruxa pelas antigas tribos nórdicas que viraram cristãs. Por vingança, juntou 11 bruxas e um demónio e começaram a rogar pragas nos humanos. Mais uma vez está presente a cognitude do número 13.
          Há quem diga que Jesus morreu numa sexta 13, e na última ceia, Judas era o 13º participante (11 apóstolos e Jesus) que acabou se enforcando. Ainda ligando os fatos, coincidência ou não, as pessoas eram enforcadas na sexta-feira. Meio sinistro. O massacre e perseguição aos cavaleiros templários começou também numa sexta 13. Ironia do destino ou não, mas muitos desastres também aconteceram em Sextas 13. Entre eles, o incêndio na floresta da Austrália em 1939, onde mais de 20 000 km² de área foram queimados, e 71 pessoas mortas.  A queda do avião que levava uruguaios de Rugbi nos Andes em 1972 também. Em 1968, o governo do Brasil decreta o AI5. E advinha? Ele também aconteceu numa sexta treze. E de uma forma meio especulativa, mas só pra constar, alguns estudiosos afirmam que o primeiro dia do dilúvio foi numa sexta treze.

           O treze é um número imperfeito. Só existem 12 meses no ano, 12 signos no Zodíaco, 12 apóstolos... E o 13 vem pra quebrar a constância de coisas boas que são em 12. Há quem diga que convidar 13 pessoas pra um jantar além de agourento é desastroso. Eu acredito que isso não se deva nem tanto pelo fato de ser 13, mas porque os conjuntos de pratos, copos e talheres só são vendidos em 12, ou em 6. rsrs
De uma forma ou de outra, as pessoas levam muito a sério esse tipo de superstição. O código Hamurabi criado em 1700, por exemplo, não tem a clausula 13. Marinheiros ingleses não gostam de zarpar seus navios na sexta treze. E até no tarô a carta 13 representa a MORTE.
            São muitas as crenças das pessoas quanto à má sorte que um dia como esse pode trazer. Mas de uma forma geral, você só passa por aquilo que atrai. Então vale a pena, pensar positivo, sendo sexta treze ou apenas mais um dia útil.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

(DES)Agosto.


        Recife. Doze do Oito. Já reparou que ninguém gosta do mês de Agosto? Eu, particularmente, acho que são os trinta e um dias do ano que mais demoram a passar. E isso não é de hoje. Desde o inicio das civilizações que as pessoas maldizem o mês como sendo um período de má-sorte e desgosto.
        A criação do mês de Agosto deu-se em Roma, pelo imperador Augusto, quando ele conquistou o Egito e virou Cônsul. Devido esses importantes acontecimentos, os romanos foram lá e deram para ele trinta dias do mês. Mas ele, meio enciumado porque Júlio, outro imperador, tinha um dia a mais que ele, aumentou o número de dias do mês. O resultado: Julho e Agosto são os únicos meses seguidos do ano que possuem 31 dias.
        Há muitas superstições que envolvem ‘Agosto’. Na Argentina, por exemplo, acredita-se que lavar a o cabelo todos os dias de Agosto atrai a morte. Agora imagine só, aqueles argentinos cabeludos, a La Maradona, deixando de lavar o cabelo só porque é Agosto? Isso explica o fato dos pacotes turísticos serem reduzidos no mês de Agosto.
        Porém não são todos os povos que compartilham dessa superstição. As mulheres alemãs, por exemplo, nomearam Agosto o mês das noivas. Ao contrário delas, as portuguesas preferem não realizar casamentos, noivados e outras festas nesse mês rodeado de mitos.
        Essa herança mitológica chegou ao Brasil justamente pelos portugueses que acabaram instalando no povo brasileiro esse receio com o mês de Agosto. E eu até lembro dos meus parentes da zona rural dando aqueles conselhos malucos como não cortar o cabelo que trazia azar, ou não assinar nenhum documento importante, esse tipo de coisa. E mesmo que eu continuasse fazendo as mesmas coisas que nos outros meses normais, sempre ficava com aquela sensação de estar brincando com a minha sorte.
        E geralmente é assim que acontece, as pessoas dizem que não acreditam, mas só pra garantir não arriscam fazer nada importante em Agosto. Vai que acontece! Pensando nisso, eu andei pesquisando e pasmem. Ocorreram inúmeros desastres no mês de Agosto, um índice quase superior aos outros meses do ano. Dentre eles podemos citar A Revolta da Varsóvia, o massacre de São Bartolomeu, a primeira execução em cadeira elétrica nos Estados Unidos, a posse de Hittler na Alemanha, inicio da construção do muro de Berlin, Watergate, inicio da PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, entre outras. Aqui no Brasil, teve a queda do CD-3 em Goiás, choque entre aviões da força aérea em Alagoas, incêndio do navio ‘Duque de Caxias’ em Cabo Frio, incêndio da boate Vogue, o SUICÍDIO DE GETULIO VARGAS, e outros.
        Ou seja, quando os mais velhos dizem que Agosto é um mês agourento, mandingueiro, aziago, ominoso, nefasto, desgostoso e todos os outros adjetivos que derivem desses, você devia pensar duas vezes. Afinal, é melhor prevenir do que remediar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Toy Story.

          Fui ver Toy Story no cinema. Foi como se o filme contasse a nossa história. A história de jovens que tiveram sua infância pautada em bons brinquedos, e agora já crescidos precisam se desfazer deles. Eu sempre me identifiquei com o filme, e numa sala com poucas crianças, percebi que o verdadeiro brilho estava nos olhos das pessoas que como eu, adoravam o cowboy Wood e o boneco Buzz na infância. Eu vi que realmente estávamos crescidos, mas que ainda restava o mesmo encanto em ver o filme, como se fosse a primeira vez. E toda vez que Buzz falava: Ao Infinito... Completávamos: E além!, como se fosse um lema pra vida inteira. É bonito ver que a nossa geração, mesmo com tantas mazelas, aproveitou uma educação televisiva saudável e inocente, que as crianças de hoje não têm o privilégio de experimentar. Aprendíamos valores preciosos quando víamos desenhos animados. Queríamos imitar o Wood. Eu, particularmente, o tenho como o exemplo principal do filme. Revi o mesmo velho cowboy simpático da minha infância, com a mesma coragem, lealdade, companheirismo e preocupação com os amigos. E eu sempre admirei isso. Nossa geração foi presenteada com uma história que além de fazer rir, ensinava lições valiosas como ‘continuar juntos, em qualquer lugar, em qualquer situação’. E se a nova geração pudesse ver isso como algo a ser imitado, como nós fazíamos talvez o mundo ainda tivesse jeito. Talvez seja radical falar, mas mesmo que as crianças de hoje assistam o filme e achem ‘o máximo’, elas não vão entender o real sentido e a importância que esses brinquedos tiveram pra nós. Porque essas crianças estão digitais, e seus brinquedos são computador, vídeo-game, e algumas até deixam de brincar muito cedo e passam a se interessar por coisas superiores à sua idade. E naquela época, os nossos brinquedos eram os brinquedos de Toy Story. Eram bonecos movidos a pilha, cachorros de mola, e aqueles que puxa a cordinha e eles falam (rsrs). Mas nos divertíamos, não ficávamos entediados, desenvolvíamos a arte de criar histórias, e apurávamos a criatividade. As crianças de hoje têm preguiça, porque tudo é prático, digital e compacto. Enfim, tivemos infância. E ao rever o filme, mais do que nunca, percebemos o quanto fomos afortunados por compartilhar de uma história que de certa forma participamos. E concerteza, levaremos pra vida inteira.

O velho otimismo de sempre.

       Você até pode se rasgar, se torturar, perder a fome, o sono, a vontade de sair e de viver. E também pode escolher ficar bem. Pode se sentir um lixo, se perguntar por que as coisas não acontecem como você imaginou, e se martirizar por isso. Mas pode, também, decidir aceitar.




       A vida é uma série de decisões que fazemos. Não podemos definir o que acontece, mas podemos escolher como nos sentir a respeito. E hoje, mais do que nunca, eu decido me sentir bem. Depois de noites e madrugadas em claro, doendo à nostalgia, eu escolhi que a partir de agora, só quero lembrar e sorrir de saudade, ao invés de chorar às perdas. Quero pensar em coisas coloridas, em lugares exóticos e pessoas divertidas. Quero galinhas azuis, festa na lua, pessoas diferentes que façam bem, e as de sempre que sempre me fizeram bem. Mil e uma. Variedade de doces, de texturas, de sons, de tons, de sabores, de amores (por que não?!). Quero pierrôs, Arlequins, pra eu ser a Colombina. Quero milhões de claves de sol, e fases da lua. Quero todos os acordes possíveis, os dedilhados mais comoventes e que matem qualquer um de inveja, todas as harmonias fora de escala, pra dançar, ouvir e aprender. Quero aprender a tocar todos os instrumentos musicais. Quero cachoeiras de chocolate, piscinas de macarrão, flores com sabor de tuti-fruti e um mar de amor, um amor bem azul. Quero voar em cima de uma pipa. Quero mergulhar num rio de águas falantes, que me apresentem as espécies mais curiosas. Quero voar, surfar, nadar, boiar, sentir. Em todos os lugares mais bonitos da via láctea. Quero escorregar por ela experimentando leite. Quero conhecer todas as palavras mais bonitas do dicionário, pra fazer poesias e músicas que sirvam de trilha sonora pra os casais mais apaixonados. Quero ser famosa, cantando o amor. Falando de amor. E das coisas simples da vida. Quero ser sempre otimista. Mudar o mundo. Ser técnica de futebol da seleção brasileira campeã do mundo. Quero distribuir educação, e vontade de ser mais pra todo brasileiro. Acabar com a fome de saber. Acabar com tudo que faz as pessoas se envergonharem de morar aqui. Quero fazer valer o ' País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza'. Quero alçar os maiores vôos, ter as maiores paixões. Plantar árvores, fazer um filho, ter uma música que emplaque estrelar um filme, entrar pra academia de letras, escrever um livro, ensinar uma lição preciosa que sirva pra meus descendentes, que até na décima geração falem de mim, ganhar o Nobel, o Oscar, ir pro Guines, e no fim da vida, completar bodas de ouro.

domingo, 8 de agosto de 2010

O bem Amado.

       Sem dúvida, uma das melhores ou a melhor sátira política até então transmitida pelo cinema brasileiro. De uma forma geral, a história vem ironizar a política da década de 60, quando foi transmitido pela primeira vez. No período, o Brasil vivia tempos confusos, com a renuncia de Jânio Quadros. Ele o fez acreditando que a população se manifestaria querendo sua volta ao poder. Esse golpe acabou se voltando contra ele,já que a população nada fez, e Jango acabou assumindo o poder. Na ficção, Odorico Paraguaçu com seus planos políticos e jogos de interesse, demonstra ao público que as vezes planos assim podem se voltar contra o seu articulador. Dono de um vocabulário mirabolante, ele tenta impressionar seus eleitores com expressões dificeis e que não existem, e assim acaba levando humor e carimbando sua marca registrada no filme. Puro Analfabetismo poliglota. E nas entrelinhas, revela o quanto os discursos políticos são todos iguais, com a mesma ênfase e até o mesmo timbre. Um típico filme de ironias e semelhanças com outros nomes politicos até dos dias atuais, Odorico chega ao fundo do poço, quando desvia verba da prefeitura para a construção de um cemitério, que passa dois anos sem ser inaugurado por falta de defuntos. Após tentar de tudo para encomendar um morto, e até importar um morimbundo, ele é que acaba inaugurando o próprio cemitério. Depois de tanta labuta, é assassinado o prefeito de Sucupira, pelo 'justiceiro/matador' Zeca Diabo. Após falcatruas, desvios de verba, superfaturamento de obras públicas, planejamento de assassinato, e outros crimes políticos, morre o então nomeado ' O Bem Amado', benfeitor de Sucupira. Um homem "honesto", "íntegro" e "Cheio de boas intenções".

O cara dos traços aquarianos.

Foi apenas uma conversa, uma única visão do paraíso. E enquanto ele falava de coisas que mudam o mundo, eu reparava no piscar agitado dos seus olhos. Seus traços me remetiam a coisas que eu gostaria de experimentar. Coisas que enfeitam os sonhos bons. Em cada palavra eu colhia doses desmedidas de ideologias e esperança num futuro melhor e isso me fez lembrar meu velho otimismo burro de sempre. Eu o olhava e podia ver sua alma pulsar, e muito embora ele não tenha sentido o mesmo, eu pude sentir aquela rara sensação de paz. Ele falava de meio-ambiente, política, economia e banalidades, enquanto eu gravava na memória o seu cabelo enrolado, barba por fazer e os óculos. Ele falava e eu podia ler na sua voz os acordes mais bonitos, entoados por uma melodia simétrica aos meus desejos mais profundos. Por um momento, achei que pudesse estar enlouquecendo, mas aquele rapaz de camisa preta e muitos sonhos, me deixou algumas noites a pensar porque ele não está na minha vida. Não sei o que pode ser, mas vi algo criptografado naqueles grandes olhos pretos que despertou minha curiosidade de uma forma que quando menos imagino pareço cair dentro deles em busca de respostas. Durou algumas poucas horas, mas pareço ainda estar sentada à sua frente o ouvindo falar, mechendo os braços ritmicamente, enquanto eu flutuo lívida imaginando o que fazer pra tê-lo sempre por perto. Mesmo que essa conversa tenha apenas sido algo que me incomode durante algum tempo, algo que tenha aguçado meus sentidos e me feito idealizar, vou desejar que algum dia ela volte a acontecer. Que o mesmo rapaz com seus vinte e poucos anos, com traços aquarianos, voz macia e tic nervoso na perna volte a me fazer pensar em coisas abstratas, mesmo falando futilidades ou problemas globais. Espero ainda encontrá-lo e tentar fazer com que meus olhos lhe convençam que eu adoraria tê-lo em minha vida.

Sr. Incrível.

        Existem pessoas que são mais que necessárias. Em todos os aspectos. O meu pai é uma delas. Não só pelo fato de ser meu pai, mas porque o mundo realmente precisa de pessoas como ele. Digo isso porque ele é um dos poucos que eu conheço que se importa mais com o bem estar dos outros do que com o próprio, e a única coisa que pede em trocar é 'amor'.
       Seria bom que a maioria das pessoas do mundo fossem igual a meu pai. Ele concerta coisas, sempre arruma um jeito praquilo que aparentemente não tem mais jeito, sempre está disposto a ajudar e tem sempre um conselho pra dar. Meu pai é meu pai e também de mais um monte de gente que acabou adotando ele como pai. É meio difícil de entender mas meu pai é pai das minhas irmãs, da minha mãe, dos irmãos dele, dos pais dele, dos amigos dele, dos amigos dos amigos dele, dos nossos amigos e até dos estranhos. Porque ele tem o dom de cuidar. E ele cuida muito bem, se doa, se preocupa, e por isso tanta gente o quer por perto.
       Meu pai é um ser-humano notável. Procura fazer o certo, ser justo e sempre nos ensinou isso. Aprendemos a ser humanas, e tratar todos como iguais. Meu pai vai pro céu, tenho certeza disso.
        Mas o que eu mais amo nele é o jeito como ele me entende. São poucas as pessoas que conseguem me entender. Mas ele sabe. Ele vê quando estou preocupada com alguma coisa, ou quando estou triste, precisando desabafar. E eu nem preciso dizer nada. Ele me lê como só os mais presentes conseguem. Meu pai me diz as verdades com frases abertas. As vezes, verdades que eu não quero aceitar, mas que como são vindas dele, mesmo que eu negue sei que fazem sentido. As vezes passamos noites falando da vida, dos nossos sentimentos, dos nossos casos, de como as pessoas do mundo podiam ser melhores, e por isso meu pai é meu amigo. Porque ele sabe se fazer assim. Com ele não tenho reservas, falo o que eu sinto sem medo de recriminações. Ele é a melhor pessoa que eu conheço e por isso nele eu confio mais do que em qualquer outra pessoa.
      Meu pai é meu herói. Não porque todos os pais são heróis, que isso é fabricação da mídia, mas porque ele se faz herói aqui em casa todo dia. Ele concerta a tv, as tomadas, o compultador,encanamentos, entende quando não deu tempo fazer a comida, não nos cobra mais do que podemos fazer. E ainda sobra tempo pra nos dar carinho, estar sempre disposto a nos ouvir, rir das nossas brigas desnecessárias, reclamar quando a casa tá revirada aos avessos, e nos amar estando presente. E sempre foi assim, desde que eu me entendo por gente, desde quando ficávamos abraçados, assistindo O Rei Leão e chorando nas partes bonitas. Ele sempre foi um SR INCRÍVEL.
      Hoje, um pouco mais crescida, participo de um mundo de gente grande, mas sempre vou correr pros braços dele quando as coisas estiverem feias,quando ninguém me entender ou simplesmente quando eu precisar saber que tem alguém que se importe, porque eu sei que ele vai me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.