sexta-feira, 6 de abril de 2012

Temos nosso próprio tempo




De certa forma, eu ja recebi um bom presente da vida. Hoje eu me sinto mais forte que há tempos atrás, me sinto jovem, bonita, realizada. Sinto que escolhi o caminho certo, e não me arrependo dessas decisões de um ano pra cá. E muita coisa mudou. A cor do cabelo, o gosto por coisas mais fortes, cores mais vibrantes, esmalte escuro, rímel, brincos de argolas grandes. Mudou também o modo de ver a vida. Algo despertou em mim de uma maneira mais sensível, mais prolixa, como se eu tivesse passado muito tempo sem prestar atenção a coisas que são lindas e estavam o tempo todo às minhas vistas, mas eu não percebi.

Hoje eu me sinto mais livre. Menos comprometida com a natureza das coisas, mais preocupada com a minha própria satisfação. Desde o meu último aniversário eu tenho trabalhado meu eu de uma maneira mais egoísta, mais simplória, como se minha vontade fosse o suficiente pras coisas importarem. E por tabela, tenho me aproximado mais das pessoas que eu amo de verdade. Como se antes elas fossem anexos que eu devia levar em conta, e hoje elas fossem parte do todo, mais que isso, como se elas fossem o meu todo, e pensando em mim eu estaria pensando nelas.

Em se tratando de amor, eu ainda estou em fase de testes. Não sei ao certo se isso vai durar até os vinte anos. Espero que não. Mas a minha condição não me faz perder o sono. E isso é algo que eu valorizo muito. Não sei o que o destino tem guardado pra mim, se é que existe alguém que possa de alguma forma completar meus traços meio tortos. Tenho desejado isso. Tenho esperado pacientemente, que mais dia menos dia, eu encontre o caminho de casa. Que no fim, sejam só duas pessoas buscando viver. Eu não quero mais alguém pra sonhar, quero realmente alguém pra viver. Pra somar, pra me fazer rir, ou pra teimar comigo. Chega de preocupações, cismas, convenções. Nada disso me atrai. Quero tudo muito simples, muito meu.

No fundo ainda sou a mesma. Não se muda essência. Ainda sou teimosa, egoísta, boba, apaixonada, alegre. Eu ainda sou a menina moleca que se arrisca em árvores, canta baladinhas, chora com o fim da novela das seis, vê filmes históricos, gosta de aventura. Eu ainda consigo definir o que se passa aqui dentro, e continuo respeitando e assumindo o que eu sinto. Não adianta, o tempo passa, as pessoas mudam, envelhecem, aprendem novas lições, conhecem novas pessoas, mas o que elas são de verdade fica intacto.

Meu presente de aniversário? Sei que a vida vai se encarregar de me mandar aquilo que eu mereça, que eu precise. É que Deus dá o frio segundo o cobertor. Sei das minhas imperfeições, e não peço nada de extraordinário. Não tenho o direito de pedir nada, muito embora tenha preces secretas pra exercitar minha fé toda noite. Eu só peço que eu continue acreditando, tendo fé na vida, na sorte, nas pessoas. Que meu velho otimismo burro de sempre me siga pelos anos. Que desfaçam-se as ilusões da vida, que eu ame o que vale a pena ser amado, e que eu transmita boas vibrações por onde eu for. Que as pessoas gostem de mim pelo que eu sou de verdade. Que o amor me visite, e fique por gostar de ficar. Que não suma com o vento. E que a vida seja bela por ser vida, por ser excêntrica e assustadora. Por ser grande, cruel e maravilhosa. Por ser bom demais viver! Esse é o meu maior presente!  

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