domingo, 8 de agosto de 2010

O cara dos traços aquarianos.

Foi apenas uma conversa, uma única visão do paraíso. E enquanto ele falava de coisas que mudam o mundo, eu reparava no piscar agitado dos seus olhos. Seus traços me remetiam a coisas que eu gostaria de experimentar. Coisas que enfeitam os sonhos bons. Em cada palavra eu colhia doses desmedidas de ideologias e esperança num futuro melhor e isso me fez lembrar meu velho otimismo burro de sempre. Eu o olhava e podia ver sua alma pulsar, e muito embora ele não tenha sentido o mesmo, eu pude sentir aquela rara sensação de paz. Ele falava de meio-ambiente, política, economia e banalidades, enquanto eu gravava na memória o seu cabelo enrolado, barba por fazer e os óculos. Ele falava e eu podia ler na sua voz os acordes mais bonitos, entoados por uma melodia simétrica aos meus desejos mais profundos. Por um momento, achei que pudesse estar enlouquecendo, mas aquele rapaz de camisa preta e muitos sonhos, me deixou algumas noites a pensar porque ele não está na minha vida. Não sei o que pode ser, mas vi algo criptografado naqueles grandes olhos pretos que despertou minha curiosidade de uma forma que quando menos imagino pareço cair dentro deles em busca de respostas. Durou algumas poucas horas, mas pareço ainda estar sentada à sua frente o ouvindo falar, mechendo os braços ritmicamente, enquanto eu flutuo lívida imaginando o que fazer pra tê-lo sempre por perto. Mesmo que essa conversa tenha apenas sido algo que me incomode durante algum tempo, algo que tenha aguçado meus sentidos e me feito idealizar, vou desejar que algum dia ela volte a acontecer. Que o mesmo rapaz com seus vinte e poucos anos, com traços aquarianos, voz macia e tic nervoso na perna volte a me fazer pensar em coisas abstratas, mesmo falando futilidades ou problemas globais. Espero ainda encontrá-lo e tentar fazer com que meus olhos lhe convençam que eu adoraria tê-lo em minha vida.

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