Terça, 18 de Janeiro
Querido inventor do amor,
Amor de sentidos sim, me parece mais real. Amor de paladar, de provar tantos outros amores e escolher um só, o mais gostoso. A visão, que louca, busca um colírio pros olhos e de tanto olhar tem a certeza qual amor é. Amor que ouve, e decora os timbres e facetas de tanto ouvi-lo, faz de alguém sinfonia e não se cansa de repeti-la sempre. O amor de perfumes, ou de apenas cheiro de pele. Aquele que conhece o aroma que sinaliza seu objeto de desejo, que sabe que ele pode ser usado por outras pessoas, mas nunca confunde o que anuncia a chegada de quem se ama. Amor de toque. Aquele de pele, de corpo, de sexo, e porque não seria amor?! É um amor que conhece, que sente, que sabe.
O amor dos outros é platônico, amor sem sentidos, sem reciprocidade. Pode até ser amor, mas eu o desconheço, porque amor correspondido é muito mais satisfatório. Também não entendo amor que abre mão da pessoa amada, que diz que deixa por amor. Como se diz amor algo que não é par?! Esses amores que se escondem atrás de adjetivos minimalistas e bondosos é uma desculpa de quem não que mais amar.
Amores novelescos, que enfrentam impossibilidades são irreais demais pra mim. Amor de verdade não precisa de tanto, é só questão de vontade. E as idas e vindas são sinais de amor, principalmente as voltas. São reafirmações de sentimentos que não morrem. Amor não é amor porque não há um outro sentimento que substitua. Não é paixão que perpetua, afeto e amizade endossadas de tempo e nem desejo súbito e instantâneo. Amor é simplesmente amor, a arte dos encontros, desencontros e reencontros, coisas que sinalizam vontade de ser par, sentimentos que se fazem em uníssono e não só "boca pra fora".
Amor é cacos de vidro, corações partidos, coisas que ficam de propósito. Quando não for isso, é apenas casualidade, mania, vício, não tem nada a ver com amor.
Com (in)dignação,
P.
P.
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