quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Boêmia apaixonada

Quinta, 16 de Setembro

Querido Leitor,



É quase sublime a dor de uma paixão acabada. Pode soar sádico, mas eu aprecio tremendamente as pessoas que sofrem depois que são deixadas por quem amam.  Afinal, é muito fácil você achar beleza em um casal apaixonado, que trocam poemas, carícias, e juras de amor. Todo mundo acha isso bonito. Mas e a beleza de alguém que além de amar se dispõe a sofrer por esse amor? Se entregar sem medo de sofrer é raro. E mesmo assim, ainda há aqueles que correm esse risco, assinam esse contrato, e de fato sofrem no final de tudo. Eu não sinto pena de pessoas assim e nem digo pra que elas saiam dessa situação. Eu as admiro, elogio, me junto a elas, ouço suas mágoas e as incentivo pra que elas continuem tendo a mesma sensibilidade, amando e sofrendo do mesmo jeito, porque esse tipo de amor está em extinção. Curtir a boêmia, do mesmo jeito que os poetas românticos do século XIX, é resgatar aquele amor ideológico, necessário, exagerado e belo. Sofrer por alguém que se ama é como ter por merecimento um lugar no céu. Porque é a maior prova de doação em detrimento de alguém que nem ao menos se importa. É oferecer seu melhor ao ponto de ir morrendo aos poucos por não ser correspondido. Já dizia Jorge Amado que de amor não se morre, se vive. Mas certamente o que ele esqueceu de mencionar é que essa morte é morte súbita, mas no caso do amor é mais cruel, é morte que definha, que vence pelo cansaço, de tanto fazer sofrer. Viver esse amor é correr atrás de um trem com flores nos trilhos, implorando pra que aquela pessoa volte. É continuar acreditando mesmo quando tudo mostra que não tem mais jeito. É entender isso da pior maneira possível, e se entregar pra morrer por não ver mais outro motivo que justifique a sua existência. É embebedar-se do álcool dos abandonados, dos corpos mais estranhos, dos venenos existenciais, do subjugar alheio, da vergonha pela fraqueza, do sentimento de perda, das doenças causadas pelo abandono, dos devaneios. É juntar tudo num cálice só, virar sem pena de si, emborcar o copo, pedir a conta, e ir para o próximo bar.

Com umas doses de solidão,
P.

Um comentário:

  1. A medida do amor é amar sem medida. xD
    MUITO BOM pri, continua assim.. blog ta perfeito.

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