segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E, se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz para sempre?


 Segunda, 08 de Janeiro

Querido R,


Você vai dizer que pode dar certo, vai fazer tudo ficar perfeito, vai me dedicar poemas, me levar pra jantar, e me abraçar apertado como só os caras com boas intenções sabem. Você vai realmente ser sincero, não vai me jurar amor eterno, nem me prometer o que não pode cumprir. Vai me dar presentes simples e cheios de significado, vai me olhar sorrindo, e eu vou saber que aquilo é de verdade. Pela primeira, ou segunda, ou terceira vez, você vai ser o cara que eu sempre sonhei. O cara que todas as mulheres sonham.  E eu vou aceitar tudo, acolher tudo, e sofrer um pouco por não conseguir retribuir todo esse cuidado. Vou me sentir culpada por ser uma mulher partida pra um homem por inteiro como você. Eu vou te pedir paciência, você vai dizer que espera o tempo que for preciso, e eu vou sorrir amarelo, sem ter muita certeza se realmente vou conseguir. Eu sei que o culpado disso tudo é um passado que me faz ter medo de ser feliz plenamente. Como dizia Vinicius, “Eu amei, e amei, ai de mim, muito mais do que devia amar...”. E eu realmente sei como é se entregar de corpo e alma a histórias fadadas ao insucesso, que a primeira vista parecem perfeitas. Você me encontrou quando eu voltava pra casa, avariada, ainda dolorida do baque dos relacionamentos que acabam da pior forma. E eu confesso, que depois que confiamos nosso sentimento uma vez e aquilo não é satisfatório, a gente deixa de acreditar completamente. Não nas pessoas, mas na felicidade que elas podem nos proporcionar. É isso. Eu tenho medo de ser feliz pra sempre. Talvez porque eu tenha perdido aquilo que eu julgava felicidade. Me vi descrente, sem fé, como se você passasse anos caminhando, e percebesse que na verdade, andava em círculos. E agora, vendo toda a perfeição que você proporciona, todo o cuidado gratuito que você me dedica, eu confesso ter medo de ser feliz pra sempre. De voltar a acreditar, de me doar de novo, de fazer planos, e no fim... Voltar pra casa avariada, mais uma vez, cheia de vazios. Por isso, agora, só consigo enxergar felicidades palpáveis, pequenas, simples, sem expectativas. Eu só me vejo levando tudo devagar, sem riscos, sem dramas, tudo muito seguro. Felicidades de um dia de cada vez. 

P. 

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